quarta-feira, 23 de junho de 2010


Por mais estranho que possa parecer, o semi-árido brasileiro não é uma terra ruim para a atividade agrícola. Grandes extensões planas boas qualidades atmosféricas para culturas como a da uva, por exemplo, e vastas reservas de água de qualidade nas profundezas da terra; dão a esse lugar tão desprezado de nossa geografia um caráter de alto produtor de frutas e de alimentos em geral quando sanamos os problemas envolvidos na obtenção de água.
Visando transformar as propriedades rurais dessa região do país em áreas de produção de alimentos e em terras férteis para a agricultura de diversas variedades vegetais, o governo brasileiro e algumas ONG’s vêm realizando projetos de pesquisa e implementando a prática da agricultura sustentável nessas pequenas e médias propriedades do semi-árido.
Assim, qualificando e formando uma boa quantidade de mão de obra capacitada a entender e aplicar seus conhecimentos sobre sustentabilidade na agricultura, essas populações promovem verdadeiras e impressionantes transformações em suas propriedades, antes seca e poeirentas. Ganham os habitantes do semi-árido, ganha o país e ganha a população local com a criação de novas frentes de trabalho e a melhoria das condições gerais de vida da sociedade da região.
Ao invés de voltarem-se única e exclusivamente para a cultura de subsistência e de basicamente “comerem poeira” ano após ano; a aplicação das técnicas de sustentabilidade na agricultura dessas regiões semi-áridas; potencializa os ganhos dessas famílias e as introduz num contexto totalmente novo de comercialização de excedentes de produção e, conseqüentemente de uma vida melhor e muito mais feliz e produtiva.
Hoje; graças a essas técnicas de sustentabilidade aplicadas à agricultura do semi-árido brasileiro. As famílias deixaram para trás as parcas colheitas de feijão, milho e palma; para produzirem e comercializarem hortaliças, frutas e produzirem vinho (além da criação de rebanhos mais saudáveis e economicamente viáveis). As principais barreiras para a implantação dessas técnicas de sustentabilidade na agricultura do semi-árido brasileiro são, principalmente, a baixa cultura geral da população rural local e os baixos índices de escolaridade. Mesmo assim, ao observarem os exemplos palpáveis e os resultados assustadoramente positivos daqueles que já adotaram essas práticas em suas próprias propriedades; o desejo de ingressar nos projetos e participar ativamente de tudo é algo que supera qualquer expectativa contrária.
Ensinar as técnicas corretas; criar a consciência de que as queimadas e o uso indiscriminado de agrotóxicos são erros que danificam e destroem a terra, os lençóis de água e reduzem, em longo prazo, a qualidade e a quantidade das safras; além de dar condições ao sertanejo do semi-árido para que ele melhore suas condições de instrução e de educação geral, são os procedimentos-chave que proporcionarão a recuperação de grandes áreas, hoje secas e abandonadas, e transformá-las em áreas produtivas e totalmente auto-suficientes. Gerando riquezas, divisas e felicidades para o povo simples e hospitaleiro do nosso sertão.
Analisar e perceber as particularidades de cada região e os aspectos da biodiversidade e da ecologia local são fatores indispensáveis para proporcionar uma adesão e um menor impacto das atividades agrícolas numa área normalmente muito susceptível ao impacto devastador de pesticidas e do uso de técnicas incorretas de plantio. A única saída para garantir bons lucros e boas condições de vida no semi-árido brasileiro é a difusão e aplicação das boas práticas de sustentabilidade na agricultura e na conscientização do homem do semi-árido para o seu real valor e sua real importância na geografia e na realização econômica de nossa nação.

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